sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Governo pretende criar programa para estimular formação de professores, indica Lula

O presidente lamentou a ‘falta de interesse’ na carreira; levantamento mostra que 8 em cada 10 professores da educação básica já pensaram em deixar o magistério


Presidente Lula (PT). Foto: Evaristo Sa/AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou que o governo federal pretende incentivar a formação de professores no país. A ideia do governo é criar um programa de incentivo para que alunos que prestarem o Enem possam fazer um curso de de formação para se tornarem professores.

“Essa profissão [de professor] que já foi nobre, está sendo destruída, porque nós descobrimos que ninguém mais quer ser professor”, lamentou Lula, em discurso feito durante o lançamento do Plano Nacional de de Abastecimento Alimentar “Alimento no Prato”(Planaab), em Brasília (DF), nesta quarta-feira 16.

“Nós vamos ter que criar um programa de incentivo para alunos que prestarem o Enem fazerem um curso para se transformarem em professores. Porque ganha muito pouco, tem muito trabalho e as pessoas não querem”, disse Lula, sem dar detalhes sobre a iniciativa.

O petista sinalizou, porém, que o tema será prioridade do governo após a sua participação na reunião de cúpula do Brics, em Kazan, na Rússia, que acontece na próxima semana.

Nos últimos anos, várias pesquisas indicaram a tendência de queda no interesse pelo magistério, nos mais diferentes níveis. No primeiro semestre, por exemplo, um levantamento do Instituto Semesp mostrou que oito em cada dez professores da educação básica já pensaram em desistir da carreira. Motivos, aliás, não faltam: pouco reconhecimento profissional, baixo retorno financeiro e carga horária excessiva foram apontados como alguns deles, assim como o próprio desinteresse dos alunos.

A realidade também é pouco estimulante na educação de nível superior. O mais recente Censo da Educação Superior, elaborado pelo Inep e pelo Ministério da Educação (MEC), mostrou que, só no ano passado, 67% dos estudantes universitários dos cursos de de licenciatura estudavam na modalidade de Educação à Distância (EAD).

O problema, segundo o próprio MEC, é que os cursos da modalidade podem prejudicar a própria formação dos professores. Especialistas indicam que os cursos exploram aulas gravadas e disponibilizadas para um número ilimitado de alunos, prejudicando a discussão em sala de aula. Esses elementos contribuem, de acordo com o MEC, para a mercantilização da formação a nível superior.


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