O nosso Luiz Gonzaga
O famoso Gonzagão
Que tanto alegrou seu povo
Da cidade e do sertão
Ao longo de sua carreira
Fez da música brasileira
A sua eterna canção
Segundo, de nove filhos
De uma linda união
De Januário e Santana
Nascia o Rei do Baião
Dezembro era o mês
Que a natureza o fez
Em Exu, lá no sertão
Nasceu em 1912
Na Fazenda Caiçara
Na sua terra natal
Por muito tempo ficara
Ele e seus oito irmãos
Foram fruto da união
De um amor que não separa
Entre a sanfona e a enxada
Gonzaga se dividia
Acompanhava seu pai
Vendo o que ele fazia
Logo aprendeu a tocar
Não conseguiu mais parar
Era tudo que queria
Ainda muito menino
Começou a sanfonar
A sua mãe reclamava
Queria sua vida mudar
Só que não adiantava
Cada vez melhor ficava
Luiz nasceu pra cantar
Por um amor proibido
Luiz Gonzaga apanhou
Revoltado com os pais
Pé na estrada botou
E sem muito bem pensar
A vida resolveu mudar
No Exército se alistou
Com pouco tempo depois
Do Exército se afastou
E como soldado bravo
Ricos e pobres conquistou
Mostrando a toda nação
Como se canta o baião
A sua origem voltou
E aí veio o sucesso
O apogeu do baião
E na década de 40
Começou sua ascensão
Quando Asa Branca ele criou
O mundo o consolidou
O artista da nação
O hino narra a trajetória
Do imigrante nordestino
Conta a história do povo
Homem, mulher e menino
Povo carente e sofredor
Que defende com fervor
O nosso feliz destino
Nasce então o poeta
Da cultura popular
O Brasil de norte a sul
Fez sua estrela brilhar
Cantando xote e baião
Nosso lindo Gonzagão
Fez a sanfona falar
Ensinou dançar baião
Na sala de reboco dançou
Dançou o pagode russo
Sonhando que tava em Moscou
Pegou aquela menina
Da cinturinha bem fina
E no xote embalou
O grande rei do baião
Aos nordestinos encantou
Nas suas composições
Nossas riquezas mostrou
A cultura popular
Nunca deixou de exaltar
Temas que sempre marcou
Na geografia nordestina
Cidades homenageava
Cantou personagens típicas
Por onde ele passava
Viajantes, violeiros
Boiadeiros, cangaceiros
Em suas músicas lembrava
Gonzaga cantou a chuva
A aridez do agreste
Cantou a triste partida
Cantou o cabra da peste
O que mais ele cantou
Que muito nos alegrou
Foi o povo do nordeste
Cantou as terras do sul
Cantou o verde das matas
As asperezas da caatinga
Cantou a seca ingrata
O coqueiro, o imbuzeiro
Os rios o Juazeiro
E a alegria que retrata
Cantou o jumento, o boi
O cavalo, o sabiá
O assum-preto, o acauã
Ele não deixou de cantar
Sapo, calango, jacaré
Ele cantava com fé
A fauna de nosso lugar
Cantou com desenvoltura
Toada, xaxado e xote
Aboio, chamego e baião
No nordeste, sul e norte
A sua sanfona querida
Só deixou de ser ouvida
Por causa de sua morte
No ano de 89
O Brasil entristeceu
Quando o fole da sanfona
Do Gonzaga emudeceu
Foi numa manhã de agosto
Que para o nosso desgosto
O Rei do Baião morreu
Lúcia Martins de Moura
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