Levantamento do Todos Pela Educação indica que a cada 100 jovens que ingressam em cursos de pedagogia e licenciatura no Brasil, apenas 51 saem formados; salário baixo e más condições de trabalho justificam o quadro
Reconhecimento e condições de trabalho melhores levam profissionais da pedagogia a não optarem pelo magistério |
A falta de reconhecimento e as más condições de trabalho têm atraído cada vez menos alunos para uma profissão que já esteve entre as mais valorizadas no País: a de professor. O Dia do Professor é neste domingo (15), mas há motivo para comemorar?
A cada 100 jovens que ingressam nos cursos de pedagogia e licenciatura no Brasil, apenas 51 concluem o curso. Entre os que chegam ao final do bacharelado, só 27 manifestam interesse em seguir carreira no magistério. As informações foram levantadas pelo movimento Todos Pela Educação, com base em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e divulgadas por ocasião do Dia do Professor .
“Temos um apagão de professores, principalmente pela desvalorização. A gente já atrai pouco e, dos que vão para a formação inicial, poucos permanecem na carreira. E não se consegue ter uma área de atuação que atraia os melhores alunos do ensino médio”, diz a presidente executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.
Priscila destaca que a melhoria nos salários entre as políticas de atratividade necessárias para aumentar o interesse na profissão. Segundo a executiva do Todos Pela Educação, atualmente o professor ganha metade do que os profissionais de outras áreas com ensino superior completo. “Realmente fica difícil atrair os melhores alunos do ensino médio para a carreira se a gente não conseguir fazer com que o salário melhore."
Priscila destaca que é preciso melhorar também as condições de trabalho do professor. A proximidade dos jovens com a profissão faz com que eles vejam de perto a realidade dos professores, que nem sempre é atrativa. “O fato de o jovem verificar no seu dia a dia que os professores não são valorizados, e muitas vezes são atacados pelos próprios jovens, pelas famílias, pela sociedade, pelo governo, isso faz com que o jovem desista da profissão”, lamenta Priscila.
Desmotivação
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, a falta de políticas que valorizem os profissionais da educação desmotiva os profissionais. Segundo Heleno, existe atualmente um processo de disputa muito grande com outras profissões que oferecem melhor remuneração.
“Até os profissionais de pedagogia estão fugindo dessa profissão porque os salários são diferentes, e vão fazer o seu trabalho em outros espaços, que têm uma valorização maior”.
Ele ressalta que, apesar de alguns avanços nos últimos anos no processo de valorização dos profissionais da educação, como a lei do piso nacional do magistério, ainda há dificuldades, como o descumprimento, em alguns estados e municípios, da legislação que define o mínimo a ser pago a profissionais em início de carreira, além do achatamento da carreira de professor. “Há estados que pagam o piso para o professor do nível médio e o mesmo valor para nível superior”, diz Heleno Araújo.
De acordo com a CNTE, em 2004 o salário dos professores no país representava cerca de 60% da média salarial de outras profissões – atualmente é 52% da média. “Este é o movimento inverso do Plano Nacional de Educação, que diz que, até 2020, o salário médio dos professores deve ser equiparado ao salário médio de outras profissões”, afirma.
FONTE:
PORTAL IG |
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