sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Vacinação Já: SINTE defende a retomada das aulas presenciais somente com a categoria vacinada




A CNTE, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, e o SINTE/RN tanto a nível estadual quanto a nível municipal acredita que a retomada das atividades presenciais somente deve ocorrer mediante a vacinação da categoria. Nosso posicionamento é firme quanto a isso e já deixamos bem claro nas reuniões que tivemos com o secretário estadual de Educação, Getúlio Marques e com a secretaria Municipal de Educação, Lúcia Martins.

Enquanto entidade sindical somos contrários ao retorno presencial ou semi-presencial (híbrido) sem que os trabalhadores em educação estejam devidamente vacinados. Ao contrário do que alguns desavisados imaginam, não estamos politizando essa questão, temos aqui um posicionamento apartidário, crítico, lúcido, em defesa daquilo que consideramos ser o mais precioso dos bens, que é a vida.

Nós, trabalhadores em Educação estamos temerosos com a possibilidade de sermos infectados - ou, até mesmo, em determinados casos, reinfectados -  pelo covid-19. Fora isso, nos impacienta saber que podemos contrair o vírus no ambiente de trabalho e leva-lo para nossos lares. Temos nossas famílias e nos preocupamos muito com o bem-estar dos entes queridos, afinal de contas, somos pais, mães, filhos, filhas, avós, avôs, irmãos e irmãs. Nossos familiares são nosso bem maior e obviamente não desejamos infecta-los.

Da mesma forma pensamos nos nossos alunos e seus familiares. É sabido que a maior parte das crianças e adolescentes são assintomáticos, ou seja, podem ser infectadas pelo vírus sem que necessariamente desenvolvam sintomas mais graves. Entretanto, é notório que crianças e adolescentes podem atuar como vetores de transmissão pandêmica. A retomada das aulas presenciais em um momento tão inoportuno quanto o atual pode servir como uma ferramenta propulsora da pandemia, agravando ainda mais um quadro que somente será abrandado mediante vacinação.

Lidamos com um número muito grande de alunos em salas pequenas que na maioria dos casos apresentam ventilação defictária e nelas permanecemos pelo menos quatro horas e meia por turno, lembrando ainda que parcela significativa da nossa categoria tem mais de um vínculo empregatício e, exatamente por isso, locomove-se de um turno para outro em direção de escolas distintas localizadas nos bairros periféricos, nos distritos, povoados e, até mesmo, cidades vizinhas. Muitos de nós, utilizam-se dos transportes públicos e isso nos torna profissionais demasiadamente expostos a uma possível contaminação viral. Estamos passando por uma segunda onda da pandemia e o número de mortes no país tem sido assustador: atualmente, são mais de mil óbitos por dia!

O descuido com a saúde pública por parte do desastroso governo Bolsonaro contribui para que tenhamos um panorama aterrador: 236.397 mortes (dados de 11/02/2021). Esse descaso faz com o Brasil seja atualmente uma espécie de pária mundial. Existe ainda uma multiplicação de cepas (variantes) do vírus da covid-19 se proliferando país afora, especialmente na região Norte.

O Estado do Rio Grande do Norte e o município de São José de Mipibu por sua vez não estão imunes ao que vem ocorrendo. O que não podemos é contrariar a ciência, muito menos ignorar o número expressivo de mortes e acreditar em teorias negacionistas baseadas em "achismos" que distorcem a realidade ao ponto de interpreta-la como um "exagero ficcional".

Em São José de Mipibu, diga-se de passagem,  a incidência não se restringe a área central e aos bairros periféricos.  A estatística evidencia que a covid-19 tem atingido - sem distinção - todos os distritos e povoados da cidade. No plano local estamos nos aproximando dos oito mil casos apurados e de abril do ano passado até o presente momento já houveram 37 mortes. Veja só: numa cidade que tem uma população estimada em 44 mil habitantes, identificar oito mil casos notificados pela Secretaria Municipal de Saúde em menos de um ano é um número bem, mais bem expressivo.

Diante dos números apresentados pelo Município constatamos que mais de 15% do número total de habitantes de São José já foi infectado com o vírus. Lembrando que a escalada dos  registros ocorreu num período inferior a um ano e com todas as escolas fechadas. Imagina aí o que pode acontecer caso as aulas presenciais sejam retomadas?

Nossa luta é pela vacinação de todos os trabalhadores em Educação: professores, secretários, auxiliares, asgs, merendeiras, porteiros e vigias - sejam eles efetivos ou não. Se a Educação é prioridade, que sejamos imunizados o quanto antes.

Um ponto que considero válido esclarecer é que nós professores não estamos de braços cruzados ou sem trabalhar como muitos maliciosamente imaginam: ainda no primeiro semestre de 2020 iniciamos nosso trabalho remoto, trabalho esse que estamos dando continuidade no exato momento (fevereiro de 2021). Temos tentado atingir o alunado nos valendo de inúmeras estratégias. Estamos reconstruindo estratégias, renovando e reavaliando nossos objetivos, abraçando novas perspectivas educacionais e nos adequando as tecnologias que nos cercam ao trabalho que desempenhamos. Na força e na raça, sem subsídios governamentais, estamos nos esforçando imensamente para que nossas aulas sejam mais atrativas.

Das autoridades - municipais, estaduais e federais -  esperamos lucidez e acima de tudo prudência pois medidas inoportunas podem colaborar com um possível aumento do número de casos. Juntem-se a nós, e façam uma grande pressão para que os trabalhadores em educação sejam incluídos nas categorias prioritárias 

VACINAÇÃO JÁ é o que queremos!


Laélio Jorge da Costa Ferreira de Melo 
Coordenador do SINTE/RN em São José de Mipibu 

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