quarta-feira, 1 de abril de 2020

Bolsonaro suspende dias mínimos de aula no ano, mas mantém carga horária



O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicou hoje uma medida provisória que suspende, em caráter excepcional, a obrigatoriedade de escolas e universidades cumprirem a quantidade mínima de dias letivos em 2020. Pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases), que rege a educação no país, é obrigatório o cumprimento de 200 dias letivos por ano. Bolsonaro, no entanto, manteve a obrigatoriedade do cumprimento da carga mínima anual de 800 horas no ano letivo para unidades de educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), como prevê a LDB.

A medida se aplica a instituições públicas e privadas e valerá enquanto durar a situação de emergência da saúde pública em razão do novo coronavírus. A MP, no entanto, não deixa claro como as instituições farão para manter a carga em um número menor de dias letivos. Em todo o país, as aulas estão suspensas.

"Ao não dar um caminho para a carga horária, a medida joga o problema para estados e municípios, que vão acabar tomando decisões muito díspares. É preciso ter um acordo nacional sobre isso, porque a educação é uma prerrogativa da União", afirma Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) e membro da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Na avaliação de Cara, a MP abre caminho para que, na educação básica, a carga horária seja cumprida por meio de: Atividades complementares (realizadas aos fins de semana e feriados, por exemplo) Extensão da educação em tempo integral Conclusão do ano letivo atual em 2021 Atividades de educação a distância.

Para Cecilia Motta, presidente do Consed (Conselho Nacional dos Secretários de Educação), a MP traz benefícios aos gestores das redes estaduais e municipais por permitir que as horas obrigatórias sejam cumpridas de diferentes maneiras. "Podemos, mais para a frente, contar com um sexto tempo [de aula], ou contar com um sábado letivo também. E, ao mesmo tempo, podemos contar nossas aulas remotas como aulas do calendário escolar", afirma. Segundo a presidente do Consed, "cada sistema de ensino tem a liberdade de normatizar e organizar as suas redes". Ela lembra que há estados e municípios que suspenderam as aulas e outros que decidiram antecipar o recesso de julho para o mês de abril.


Educação superior 

A educação superior também conta com 200 dias letivos previstos na lei —que, com a MP, deixam de ter o cumprimento obrigatório neste ano—, mas a carga horária se aplica de acordo com as diretrizes curriculares dos cursos. Segundo o MEC, a flexibilização deverá seguir as normas dos respectivos sistemas de ensino. A principal mudança, segundo o ministério, é a possibilidade de antecipação da formatura de alunos da área da saúde (medicina, farmácia, enfermagem e fisioterapia), desde que sejam cumpridas as seguintes regras: 

- Cumprimento de 75% da carga horária do internato do curso de medicina, ou 

- Cumprimento de 75% da carga horária do estágio curricular obrigatório dos cursos de enfermagem, farmácia e fisioterapia.


Entidades pedem adiamento do Enem 

Principais entidades estudantis do país, UNE (União Nacional dos Estudantes) e Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) pediram hoje que o cronograma das provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), uma das principais portas de entrada ao ensino superior no país, seja adiado devido à pandemia do novo coronavírus. O edital do exame foi divulgado ontem pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que decidiu manter a realização das provas presenciais para os dias 1º e 8 de novembro deste ano. Em nota divulgada hoje, UNE e Ubes dizem que, ao manter o cronograma previsto inicialmente, MEC (Ministério da Educação) e Inep não demonstram "sensibilidade para o momento em que vivemos". As entidades afirmam, ainda, que muitos estudantes brasileiros não têm acesso a aulas a distância para se prepararem para o exame.



FONTE: UOL EDUCAÇÃO

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