segunda-feira, 21 de março de 2022

Denúncia: Empresa terceirizada de alimentação escolar entrega comida podre nas escolas de Santa Catarina



Larvas dentro de sacos de feijão, pão com mofo, carne estragada e com mau cheiro, produtos mal conservados e transportados irregularmente. Essa é a realidade do flagrante feito pela Vigilância Sanitária da cidade de Iraceminha nos dias 18 de fevereiro e 10 de março deste ano. “Eu nunca tinha presenciado uma cena dessas”, relatou a fiscal da Vigilância Sanitária de Iraceminha, Alesandra Rozanski. A servidora fez o primeiro flagrante na manhã do dia 10 de março, na porta da escola ao deixar o seu filho para estudar.

“Me chamou atenção o leite que escorria pelo caminhão, aí quando vi a carga percebi o total descaso com o cuidado da alimentação. As caixas de leite estavam rompidas, pacotes de farinhas rasgados e o entregador estava dentro do caminhão pisando nos alimentos”, neste flagrante a servidora autuou a empresa que foi multada, mas que repetiu a negligência dias depois.

Já neste primeiro episódio, Alesandra também enviou uma notificação para o Ministério Público Estadual – MPSC, para a Gerência Regional de Educação de Maravilha e para o Conselho Estadual de Alimentação Escolar, até a data do segundo caso, ela não tinha obtido retorno de nenhum destes órgãos em relação ao caso.

Segunda denúncia

No dia 10 de março, ocorreu uma nova denúncia. Alesandra tinha acabado de chegar em casa e recebeu uma ligação anônima. Na conversa, a pessoa informou que tinha passado por um caminhão da entrega de merenda escolar e sentiu um forte cheiro de carne podre. A servidora foi até o local, com escolta da polícia e apoio de outro fiscal da vigilância de endemias e, mais uma vez, flagrou as péssimas condições de armazenamento dos alimentos que seriam usados na escola.

“O caminhão tinha uma divisória improvisada de armazenamento de câmara fria. Os alimentos que tinham que ficar refrigerados estavam descongelados e o sangue da carne escorreu para os alimentos separados em outra parte do caminhão. Tinham moscas e larvas por diversos alimentos e o cheiro de carne podre era insuportável”, detalha a vigilante.

Segundo Alesandra, esta segunda carga havia sido negada pela diretora da escola, conforme orientação da Vigilância, depois do primeiro flagrante. “Autuamos novamente e fizemos a denúncia nos órgãos competentes, desta vez, fomos pessoalmente conversar com a responsável pela alimentação escolar da GERED de Maravilha”, explica Alesandra.

A preocupação da servidora é pelo descaso com uma denúncia tão grave, visto que a empresa que faz este transporte atende municípios de diversas regiões do oeste, já tendo sido flagrada em 2021 com as mesmas irregularidades pela Vigilância Sanitária da cidade de Maravilha. “Aqui em Iraceminha temos certeza que estes alimentos não foram consumidos e agora as escolas estão mais atentas no recebimento das cargas, porém sabemos que esta empresa distribui em grande parte dos municípios do oeste e que algumas escolas da região já tiveram que jogar carne fora devido ao apodrecimento do alimento”, ressalta a servidora.

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação (SED) informou para o Portal Peperi que notificará a empresa JMC, que é responsável pela alimentação escolar na região oeste. A empresa, tem quatro contratos com o Estado catarinense, que somam mais de R$53 milhões de reais dos cofres públicos em pagamento pelos serviços prestados.

Denúncia ao MPSC

O SINTE/SC denuncia esta gravíssima situação! Conforme deliberação do sindicato, será protocolado no Ministério Público De Santa Catarina, no Conselho Estadual de Alimentação Escolar e na Secretaria Estadual de Educação, um pedido de investigação e explicações a respeito do serviço desta terceirizada, JMC, que recebe dinheiro público e entrega alimentos podres para os estudantes catarinenses.

“A empresa terceirizada tenta baratear os seus custos para ter lucro, a troco de entregar comida estragada para nossas crianças e adolescentes. Exigimos que o governo tome medidas sérias e que cobre um serviço de qualidade. Não vamos nos silenciar com tamanho desrespeito com toda a comunidade escolar”, salienta Katiane Weschenfelder Golin, Secretaria de Políticas Sociais do SINTE/SC.

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