terça-feira, 31 de julho de 2018

PESQUISA MOSTRA QUE 49 % DOS PROFESSORES NÃO RECOMENDAM A PROFISSÃO

Baixos salários e falta de reconhecimento leva docentes a desestimularem jovens a seguir a carreira

O Movimento Todos Pela Educação realizou pesquisa onde sinaliza que 49% dos docentes não indicariam a carreira de professor para o público jovem. Entre os principais motivos para justificar a decisão estão os baixos salários e a falta de reconhecimento.

De acordo com o estudo, os profissionais de educação que têm de 11 a 30 anos de carreira são os que menos recomendam a profissão. Os mais novos, menos de dez anos dentro das salas de aula, são os que mais recomendam.

O nível da educação onde lecionam influencia na resposta. A pesquisa mostra que professores que dão aula no ensino médio são os que menos recomendam a carreira, seguidos dos que lecionam no ensino fundamental II (6° ao 9 ano). Os professores dos níveis iniciais (educação infantil e fundamental I) são os que mais indicam a profissão.

A falta de reconhecimento e o descontentamento em relação aos salários podem ser constatados no estudo divulgado pelo Ministério da Educação (MEC). O relatório, em consonância com as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), mostrou que o salário dos docentes pouco aumentou nos últimos anos. A meta 17 do PNE determina que até 2020 o rendimento desses profissionais seja equiparado ao dos demais trabalhadores com o mesmo nível de ensino. Em 2012, o salário dos professores correspondia a 65,2% da média dos demais profissionais do mesmo nível. Em 2017, o percentual foi de 74,8%. A desigualdade diminui de 2012 a 2017, mas, devido à redução salarial dos demais profissionais. Durante o mesmo período, o salário dos professores obteve ganho real de 2%. Atualmente. o piso estabelecido pelo MEC para professores do ensino médio com 40 horas semanais é R$ 2.455,35.

As dificuldades de formar docentes

O MEC estima que 52,9% dos professores brasileiros têm mais de 40 anos, ou seja, próximos da aposentadoria, deixando uma demanda a ser preenchida. Em contrapartida dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2014 indicam um baixo interesse na carreira docente, a cada 100 estudantes de Licenciatura, somente 51 concluíram o curso e apenas 27 manifestaram interesse pela sala de aula.

A licenciada em Geografia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Adriely Monteiro, está dentro das estatísticas. Mesmo formada, não atua na sala de aula. “Eu me deparei com situações nas quais eu não estava preparada. Na faculdade não nos ensinam, por exemplo, a resolver conflitos. O professor passa muito mais tempo preocupado com outras coisas e acaba fazendo algo menos relacionado ao ensino”, afirma.

A dificuldade em atrair novos professores resulta em uma grande quantidade de docentes sem formação adequada para a área que lecionam, - quando o professor não possui formação na mesma área da disciplina que ensina.  O Censo Escolar 2017 ilustra essa situação. As disciplinas de Sociologia (27,1%), Artes (41,1) e Física (42,6%) são as que possuem maior quantidade de professores do ensino médio sem formação adequada.



FONTE:  JORNAL O POVO (CE)

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