quarta-feira, 31 de março de 2021

Os danos causados pelo golpe militar e civil de 1964 repercutem até os dias de hoje e exigem uma urgente política de nossa memória histórica




Os efeitos devastadores do golpe militar e civil são sentidos ainda hoje, depois de 57 anos dessa que ficou conhecida como “página infeliz de nossa história”, eternizada pela canção de Chico Buarque. Em uma articulação militar e civil, com apoio dos Estados Unidos, o Brasil sofreu um longo período de perseguição e morte de milhares de brasileiros e brasileiras. Nos 21 anos em que os militares brasileiros ocuparam o poder em nosso país, sofremos censura aos meios de comunicação, violações aos mais básicos direitos humanos, desaparecimentos de pessoas e execuções extrajudiciais.
A redemocratização do Brasil se deu a partir de uma lei de anistia que perdoou os assassinos e tiranos daquele período, indo na contramão do que ocorreu em países vizinhos ao Brasil, como a Argentina e o Chile, que puniram os torturadores de seus regimes militares. O resultado dessa opção política cobra seu preço nos dias de hoje. O Brasil conta atualmente com uma polícia militar que mais mata no mundo, segundo relatórios da Anistia Internacional. E isso, sem dúvida, é herança direta dos crimes não julgados naquele período.

Mas o maior efeito continuado do golpe civil e militar de 1964 é certamente a ascensão de Bolsonaro ao cargo de Presidente da República no Brasil. A eleição desse que cada vez mais se arvora a ser um novo ditador representa aqueles valores políticos de 57 anos atrás que, enquanto sociedade, não conseguimos enterrar. Quando vemos tribunais judiciais no país autorizando as comemorações ao golpe de 64, percebemos o quanto falhamos. E nos damos conta de que esses valores ainda encontram eco e adesão em setores da nossa sociedade, a começar pelas nossas próprias Forças Armadas, que deveriam ser as principais guardiãs de nossa Constituição de 1988.

Os/as educadores/as de todo o Brasil se somam à consciência democrática da nação para repudiar, de forma veemente, as comemorações que se fazem desse horrendo período histórico. Em uma só voz ecoamos o brado de ditadura nunca mais! É cada vez mais urgente e necessário que possamos, enquanto país, promover uma verdadeira e radical política de memória histórica do Brasil, com reparação e julgamento daqueles que nos mataram àquela época e continuam a nos matar e ameaçar a consolidação de nossa jovem democracia! Não é admissível mais que instituições de Estado comemorem um golpe que perseguiu e matou tantos/as brasileiros/as! Nunca é tarde para, assim como foi feito com a Alemanha no pós-nazismo, afirmar em nossa legislação que é crime inafiançável qualquer menção honrosa àquele período! Para que não se esqueça e para que nunca mais aconteça: DITADURA NUNCA MAIS!

Brasília, 31 de março de 2021.
Direção Executiva da CNTE

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